segunda-feira, 1 de dezembro de 2014

Hoje escrevo...

Escrevo hoje sobre o outro lado do amor... O amor que renasce da dúvida, do medo, da mágoa...
Escrevo hoje sobre o amor lapidado paulatinamente, o amor bruto que precisa ser trabalhado com calma, paciência e entendimento para que possa se transformar em pedra preciosa.
Apresento hoje o amor que se expõe ao desentendimento, à palavras mal ditas, à balança desequilibrada da raiva, do ciúmes, das intrigas.
Muitas vezes machucamos as pessoas que mais amamos e somos machucadas por elas de maneira tão profunda que isso nos marca pra vida toda. ISSO MARCA O AMOR PRA VIDA TODA! Às vezes, poucos minutos são o suficiente pra desencadear uma discussão que extrapola a dimensão da normalidade, que transcendem o patamar de uma resolução saudável, ou, ao menos, amistosa.
Costumo dizer que no começo de uma relação somos pegos pela agnosia visual da paixão: vemos, mas não entendemos; vemos, mas não enxergamos com olhos de quem tem temperança... A paixão tem como truque principal a audácia de nos limitar ao mesmo tempo que nos faz sentir o super herói mais poderoso do mundo: quem nunca já sentiu que morreria se o outro se fosse? Quem nunca se sentiu capaz correr a São Silvestre pra declarar o amor por outra pessoa? A paixão nos faz sentir com super poderes! Mas, quem nunca já arrumou mil e uma desculpa pra falha do outro? Quem nunca achava lindo até mesmo o defeito mais inescrupuloso do outro? A PAIXÃO NOS  LIMITA!
Em tempos de paixão a convivência a dois é fácil, fácil porque no começo tudo é lindo, fácil porque tendemos a exaltar as qualidades do outro e ignorar completamente seus defeitos.
Passada a paixão, surge o amor, que, como já escrevi aqui, aparece com aquela mania de pensar demais! E aí, é como se -por um milagre- pudéssemos enxergar as coisas como de fato são: aparecem os defeitos, as brigas, as palavras mal ditas -enfatizo-; as mágoas, as lágrimas, as dúvidas, os medos, as incertezas, as angústias. Obviamente, o amor não é só isso, muito pelo contrário, o amor é muito mais amor do que qualquer outra coisa, mas, hoje me propus a mostrar a outra face do amor, e me atentarei a isso.
O amor desse meu texto, é aquele calejado pela rotina, machucado pela correria do dia a dia, ferido pelo costume de ter a outra pessoa. O amor que chora a cada briga, e o amor que não chora também, o que grita, e o que não o faz, o que gesticula, anda de lá pra cá, o amor que se sente esmagado, acuado e sem ter o que dizer. O amor que se sente impotente, inexperiente, e até mesmo insuficiente diante de uma situação embaraçosa de desconforto e de mal jeito.
O amor que sofre por si só, ou melhor, o amor que sofre pela falta de si só. O amor que corre o risco de se esvair a cada ressentimento e desentendimento. O amor que muitas vezes cede espaço pra contra ataques, orgulho, indiferença e corre o risco de se acabar pelo descuidado do comodismo, pelo descuidado do não cuidado.
Hoje escrevo sobre o amor tal como ele é: simples, humilde e sujeito a dor.


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