Antigamente eu escrevia sobre o que eu achava que conhecia;
o que eu achava que tinha e o que eu achava que era, e talvez eu realmente
conhecesse, tivesse e fosse! Mas todos esses verbos no passado não me servem
mais. Todos esses verbos no passado já não são mais eu.
Os verbos no passado foram se transformando em gerúndio,
perderam a certeza do ser, e por uma obra misteriosa, se refizeram, mudando
posições, radicais, prefixos, sufixos, se desfizeram, deram lugar a uma
imensidão de verbos novos, sentimentos diferentes e novas certezas. As palavras
passadas me deram suporte pra conseguir construir palavras novas. O que eu fui,
todas as minhas certezas, todas as minhas dúvidas, me transformaram na pessoa
que eu sou hoje.
É engraçado perceber que quem eu era já não pertence mais a
mim, e o desejo que eu tinha de “vir a ser” forma o meu presente.
Sinceramente, sou feliz por poder olhar pra trás e perceber
que por mais que eu não seja quem eu acreditei que seria, que não esteja onde eu achei que estaria e não faça o que imaginei que faria, me encontro muito melhor por sem quem sou, estar onde estou e fazer o
que faço!
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